sábado, 25 de outubro de 2008

O país perdeu a inteligência.



O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Não há princípio que não seja desmentido nem instituição que não seja escarnecida. Já não se crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo esta na miséria. Os serviços públicos abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas idéias aumenta a cada dia. A ruína econômica cresce, cresce, cresce....A agiotagem explora o juro. A ignorância pesa sobre o povo como um nevoeiro. O número de escolas é dramático. A intriga política alastra-se por sobre a sonolência enfastiada do país. Não é uma existência; é uma expiação. Diz-se por toda parte: “O país está perdido”. Eça de Queiroz (1871).

Respeito? Terminou faz tempo! (Assis Vieira)





A mulher filé estava no Super Pop. Escrevi em letras minúsculas porque acho que se trata de um adjetivo e não de um nome próprio. E tal qual a amiguinha melancia só soube fazer, exibiu seus bizarros predicados que devem encantar a igualmente bizarros cidadãos de gosto duvidoso. À certa altura, o rapaz que a acompanha passa um cartão de crédito entre as nádegas da moça. E ela o segura.
Impressiona-me sobremaneira que isso aconteça em um programa comandado por uma mulher. É evidente que sabemos que talvez não chegue a ser um COMANDO. Ainda assim, um programa apresentado por uma mulher que deveria pensar... ôpa! de quem eu penso estar falando? Ainda assim, mulheres deveriam ser mais respeitadas e outras deveriam se dar mais ao respeito.
E esse programa tem anunciantes. Isso é o que mais assusta. Ângela Bismark também esteve lá dizendo que irá fazer uma operação para voltar a ser virgem. Esse desejo da Ângela é antigo. Não cheguei a entender se ela fez a tal cirurgia ou ainda está simplesmente alardeando.
O alardear, no caso, é de fundamental importância. A modelo, ao ser questionada por um dos participantes que alegava não ser boa idéia divulgar a tal cirurgia, considerando ser a mesma delicada e nem sempre possível de ser realizada, deixou claro que isso está praticamente fora de seu controle, porque a mídia internacional, o tempo todo, quer saber o que está acontecendo com ela.
E é verdade, gente. Mesmo nesses tempos de crise no mundo, é só zapear para dar de cara com alguma notícia sobre a Ângela ou com alguma pergunta sobre ela. Não se fala outra coisa na mídia internacional. Madonna estaria fortemente interessada no assunto e não vê a hora de chegar ao Brasil para trocar idéias com a modelo, que já fez mais de 40 cirurgias plásticas. Por trás desse papo, existe uma armação mercadológica. Dizem que ela, Madonna, estaria armando o relançamento de seu segundo álbum, o Like a Virgin, que aconteceria logo após sua separação oficial.
Também passei pelo Brothers, do Supla e João. Vi pouca coisa. Vi uma tentativa tola de ser Chacrinha; vi, como sempre, a grande mercadoria de todos os programas de auditório: mulheres gostosas "dançando". E vi um quadro daqueles que se encaixa na categoria "CTA" - Constrangimento Total e Absoluto. "O que você faria por 10 contos?" No centro da cidade, pobres cidadãos pobres, sob muitos aspectos, escolhiam uma opção imbecil entre três cretinas para se submeter. Humilhar pessoas simples não é engraçado. Respeito é uma palavra meio perdida na nossa TV.


sábado, 28 de junho de 2008

CQC mostra a cara do Brasil e é censurado – Jornalismo inteligente com humor. (Cristian A. Silva)




Inovação e ousadia já fazem parte da história de “Marcelo Tas” tanto na comunicação quanto na arte contemporânea brasileira. Repórter, ator, apresentador, roteirista e diretor de diversos programas de televisão e rádio, Marcelo enfrenta um novo desafio na sua carreira de sucesso e mais uma vez presenteia os telespectadores brasileiros, principalmente os pensantes e mais politizados, ávidos por entretenimento com qualidade e conteúdo dentro da pacata e enfadonha programação da TV gratuita do nosso país, como ancora do programa CQC (Custe o Que Custar) exibido pela Band. É um programa de formato polêmico, que nasceu na Argentina e foi exportado para vários lugares do mundo, não obtendo o sucesso devido em alguns países como México e Espanha. No Brasil, é uma grande incógnita seu futuro, pois fico pensando como poderá sobreviver um programa politizado num país com um público, na grande maioria, de ignorantes mal informados que mal sabem o hino nacional, mas, no entanto, decoram aberrações insanas como a atual “Dança do Creu” e a clássica “Boquinha da garrafa”.
Mas enfim, não estou aqui pra encher a bola de ninguém, tampouco do Tas, até porque, se existe um que eu admire, ele é o Taz ( Diabo-da-Tasmania). Também não estou aqui pra desmerecer ninguém, tampouco esse povo imbecil que adora “Funk de uma nota só” e lota estádios pra enriquecer os milionários jogadores de futebol gritando repetidamente, como papagaios de pirata, “é campeão, é campeão” só porque acho tudo isso patético e prefiro ficar em casa ouvindo Cazuza, lendo Freud e escrevendo, entre uma linha e outra, pra tentar explicar a mim mesmo porque estou aqui neste mundo. Na real quero aqui demonstrar minha indignação pela censura imposta pelo congresso nacional ao programa “CQC” e seus jornalistas, impedindo-os de entrar na casa do povo, o que deixa no ar se a censura realmente acabou aqui no Brasil, visto que a lei 5.250, que regula a liberdade de expressão do pensamento e da informação, garante que é livre a manifestação sem dependência de censura, respondendo cada um, nos termos da lei, pelos abusos que cometer. Afinal, que pais é este? Vocês sabem? Por favor, quando descobrirem avise. Enquanto não descobrimos, poderemos votar no site abaixo em protesto por um Brasil melhor e sem censura. Marte me aguarde.

http://www.cqcnocongresso.com.br/

terça-feira, 15 de maio de 2007

Frei Galvão ajudai o Brasil! (Cristian A. da Silva)




Aleluia! Enfim um canonizado da nossa terra que intercedera por nós junto com o divino. Deus, que deve ser Brasileiro, realmente ouviu nossas preces e diante de tantos absurdos que estão acontecendo aqui, e também de tanta reclamação dos Brasileiros, deve ter decidido e após, intermediado através do espírito santo, da santa Igreja e do Papa, para colocar um santo Brazuca de Guaratinguetá-SP pra lhe auxiliar na difícil tarefa de cuidar do Brasil, já que os homens que aqui governam não estão tendo a competência para tal fim.
Somos responsáveis por nossos atos e temos a liberdade para o livre arbítrio, mas sempre é válida a interferência divina quando as coisas parecem piorar a ponto de parecer não ter mais jeito. Caracas, e pensar que Adão e Eva, com tantas coisas pra fazer no paraíso, tinham que comer justamente a fruta da arvore proibida pra nós estarmos pagando esse capricho deles até hoje. Mas enfim, não podemos querer achar culpados pela caótica situação atual do nosso paraíso Tupinikim quando temos tudo nas mãos pra melhorar, não fosse o maldito estado inimigo que se firma cada vez mais e que faz com que toda iniciativa para o bem seja paralisada, atrasada ou extinta através da dita burocracia parasitária que nos suga para sustentar os altos escalões do poder.
Há tempos não vejo aquele país cantado por “Jorge Ben” que dizia “moro num país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza”. Hoje a realidade é outra e o que ouvimos são os “Racionais Mc” cantando em forma de protesto coisas do tipo “moro num país injusto e violento amaldiçoado pelo diabo sedento, que esta horrível parecendo o inferno, governado por estes homens de gravata e terno”. É “Jorge Ben Jor” não foi só o seu nome que mudou de tempos pra cá.
Mas de mal a pior estamos ai, firmes e fortes como taquaras no pampa em meio a tempestade que se torcem com a ventania, quase quebram mas não morrem. Somos um povo que vive de esperanças e por não termos outra opção vivemos assim, sempre achando que as coisas vão melhorar baseados na fé. Somos um povo guerreiro e trabalhador que não foge a luta e ao mesmo tempo pacífico, não só por sermos o país do mundo com maior numero de católicos, mas também pela diversificada gama de religiões que se fazem presente no nosso território e que apesar de divergências de idéias seguem um mesmo Deus. Acredito que este seja um dos motivos de ainda não fazermos uma revolução civil. Não saímos nas ruas para protestar e quebrar tudo causando o caos, mesmo sendo escravizados legalmente por uma carga tributária indecente que faz com que estejamos sempre ocupados com o nosso sustento não dando a devida importância a outros setores da vida como lazer, atenção aos filhos e uma penca de coisas que outros cidadãos de outros países de primeiro mundo se dão ao luxo. Queremos o bem sim, mas que ele venha da forma correta e civilizada. Queremos as conquistas daquilo que nos foi roubado até hoje mas que seja pela justiça, seja ela divina ou não. Queremos a paz acima de tudo e viver num mundo com menos desigualdades e injustiças. É por isso que suplicamos a ti Santo Antônio de Sant'Anna Galvão, ajude o Brasil pelo amor deste Deus de todas as religiões e raças que no final das contas é o mesmo pra todos.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Luís Inácio (300 Picaretas) - de Brasília a Montenegro. (Cristian A. Silva)



Acredito que Herbert Viana, grande cantor e compositor da MPB brasileira, integrante do grupo Paralamas do Sucesso, tenha se arrependido, hoje(2007), de ter feito a letra da polemica música intitulada "Luís Inácio (300 Picaretas)" lançada em meados de 1993, tão badalada na mídia, que com certeza rendeu muitos votos ao atual presidente eleito Luiz “Milionário” Lula da Silva, com um patrimônio pessoal estimado em mais de R$ 1.000.000,00 que sobrevoa os céus Brasileiros vendo nossa desgraça pela janela do AEROLULA. Quem sabe se o título fosse apenas “300 picaretas” a consciência deste meu grande ídolo estivesse menos pesada, acredito.
Se Herbert tivesse uma bola de cristal, com certeza não teria decolado o avião que fatalmente matou sua esposa e o levado a um coma profundo e tampouco teria segurado uma bandeira de um partido sem escrúpulos , assim como o otário que aqui vos escreve, que por mais de 10 anos levantou esta bandeira e cansou de gritar nas ruas de Montenegro LULA LÁ desafiando pessoas, com o utópico e inocente pensamento de que iríamos mudar o Brasil e o mundo. Lembro-me com tristeza da minha pessoa, muitas vezes discutindo em público e dizendo que tinha orgulho de estar num partido ético, sensível as necessidades do povo Brasileiro e que fazia parte do privilegiado grupo de “companheiros” que zelava pela honestidade e bom censo político em prol dos menos favorecidos. Sempre agradeço por nenhum amigo ter me filmado nestes momentos tragicômicos da minha rala existência.
Em nada me admira que o atual presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), seja a favor do aumento de salários do seu “Bando” e da redução da carga horária excluindo as segundas e sextas-feiras do "árduo" trabalho destes "Operários" desta nação tupiniquim. Engraçado, em todos empregos que trabalhei, nunca nenhum patrão chegou e disse: -Vou aumentar teu salário e reduzir tua carga horária meu caro.
Também não me admira que o atual vice-presidente da câmara de vereadores de Montenegro, Ricardo Kraemer apóie este absurdo de atirar R$ 200.000,00 anuais pela janela com a contratação de assessores numa cidade em que os alunos da rede municipal, não recebem nem folhas de oficio para fazer suas provas, sem falar na montanha de carências em outras diversas pastas fora a da educação.

Num pais de quase 50 milhões de indigentes, onde a saúde, a educação, a segurança e tudo que é público funcionam de forma precária, não fosse a garra deste povo feliz e trabalhador que ri mesmo sofrendo e deixa o barco andar sem revolução, o congresso e a câmara deitam e rolam nas beneficies “legal” deste grande banco chamado Brasil, financiado pela fome e miséria de muitos irmãos e pela insistência em pagar imposto da classe média que sustenta este pais, mesmo sendo a menos favorecida no atual governo.
Em uma entrevista (ver link abaixo), que supostamente foi dada pelo marginal Marcola, ou escrita por Arnaldo Jabor intitulada, “O Brasil por Marcola” tenho a nítida impressão de que a bola de cristal existe e esta nas mãos de alguém. Que fique na consciência de vocês o que nos espera caso não varrermos estes atuais políticos parasitas que só pensam em si, no seu bolso e no seu curral eleitoral sem se preocupar no caos que esta virado o País. Marte me aguarde.

http://catatau.blogsome.com/2006/06/24/entrevista-com-marcola/

sexta-feira, 23 de março de 2007

A história política Brasileira e sua atual "Merdiocridade"(merda e mediocridade)

Refrão da Musica feita para o Festival de Música de Porto Alegre em 1998.

"Apesar deste mundinho
Dos governos dos Fernandinhos
Eu quero é mais ficar
Aqui pra viver
pois o Brasil é lindo
E não tem culpa dos filhos que tem.." (Cristian Alex da Silva)


O Brasil a caminho da Emancipação Política Encaminhamento da Emancipação Política no Brasil – A política joanina

As Principais Medidas de D. João VI no Brasil

Rompimento do pacto colonial – Com a transferência da Corte, o Brasil praticamente deixou de ser colônia, devido às seguintes medidas adotadas pelo regente:
• em 28 de janeiro de 1808, a Carta Régia permitiu a abertura dos portos a todos "os navios estrangeiros das potências que se conservem em paz e harmonia com a minha Real Coroa", conforme o texto da carta, acabando, na prática, com o regime do exclusivo metropolitano ou pacto colonial;
• o Alvará de 1 ° de abril de 1808 revogou o de 1785, que proibia a instalação de manufaturas no Brasil, complementando desse modo a Carta Régia de 1808 que decretava a abertura dos portos;
• em 16 de dezembro de 1815, o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves.

A “Abertura dos Portos às Nações Amigas – Embora a abertura dos portos tivesse vindo ao encontro dos interesses dos proprietários rurais brasileiros, essa medida tinha em vista apenas o interesse e a conveniência da Corte. É o que afirma, aliás, Hipólito José da Costa, um jornalista brasileiro da época. Segundo suas palavras: "o governo português, quando se mudou de Lisboa para o Rio de janeiro, deixou em poder dos franceses, seus inimigos, os dois portos de Lisboa e Porto, os únicos com que o Brasil comerciava na Europa; logo, não podendo obter dali o que precisava, necessariamente havia de recorrer aos outros portos, sob pena de se reduzir à última penúria; porque, forçosamente, havia de não ter que ir à Inglaterra para dali trazer os artigos de primeira necessidade, para os pagar, era também preciso que para ali mandassem os artigos de seu país que os ingleses necessitas­sem. Logo, a abertura ou franquia deste comer­cio, sendo uma medida que o governo adotou porque sem ela pereceria, podemos dizer que o fez porque assim lhe fazia conta, e não sei que povo fique obrigado a tão estranha gratidão ao governo, por este adotar uma linha de conduta necessária para conservar a sua existência como governo e indivíduos".
A exatidão dessas afirmações pode, aliás, ser verificada no próprio texto da Carta Régia que declarava o caráter provisório da medida, “em razão das críticas e públicas circunstâncias da Europa’’”.
A franquia dos portos teve importantes conseqüências, pois deu início a um duplo processo: o da emancipação política do Brasil e o seu ingresso na órbita de influência inglesa.
Os grandes proprietários escravistas brasileiros havia muito reivindicavam o livre comer­cio com as nações estrangeiras. Assim, não obstante o seu caráter provisório, a medida tornou-se irreversível, pois os grandes proprietários não aceitariam a volta pura e simples à antiga condição colonial.
Além disso, essa camada dominante colonial contava com o apoio da burguesia inglesa, a quem não interessava o fechamento do mercado brasileiro.

O Alvará de 1° de abril de 1808 – A revogação do Alvará de 1785 de D. Maria I, que proibia a manufatura no Brasil, ampliava a liberdade econômica. O Brasil estava autorizado não apenas a fazer livremente o comércio com o estrangeiro, como poderia doravante dedicar-se livre­mente à atividade manufatureira.
Contudo, o Alvará de 1 ° de abril não foi suficiente para promover o desenvolvimento manufatureiro no Brasil. Havia dois fortes obstáculos: de um lado o escravismo e, de outro, a concorrência inglesa. A escravidão impedia o desenvolvimento do mercado interno, pois o escravo era abastecido pelo senhor, com toda parcimônia previsível. Nesse tempo, a Inglaterra encontrava-se em plena Revolução Industrial e estava em condições de produzir em grande quantidade mercadorias de boa qualidade a baixo preço. Além disso, como nação favorecida, colocava com facilidade suas mercadorias no Brasil. Portanto, não havia como enfrentar com êxito a concorrência inglesa. Resultado: o Alvará de 1° de abril tornou-se letra morta. Não obstante, a sua importância reside no fato de que a proibição da produção manufatureira estava formalmente suspensa.

O transplante do Estado português – Chegando ao Brasil, a Corte se instalou no Rio de janeiro. Em 11 de março de 1808 iniciou-se a reorganização do Estado, com a nomeação dos ministros. Assim, foram sendo recriados todos os órgãos do Estado português: os ministérios do Reino, da Marinha e Ultramar, da Guerra e Estrangeiros e o Real Erário, que, em 1821, mu­dou o nome para Ministério da Fazenda. Também foram recriados os órgãos da administração e da justiça: Conselho de Estado, Desembargo do Paço, Mesa da Consciência e Ordens, Conselho Supremo Militar.
Dessa maneira, peça por peça, o Estado português renasceu no Brasil. Todavia, a complexa rede burocrática implantou-se à revelia da colônia, e a ela se sobrepôs como um corpo estranho, pois o Estado foi recriado para empregar a nobreza parasitária que acompanhara o re­gente, ignorando os interesses do Brasil.
Apesar disso, esse transplante do Estado teve importantes conseqüências porque o Brasil não era mais administrado "de fora". Com a transferência da Corte ocorreu a interiorização do centro de decisão e a dispersão colonial foi atenuada com o surgimento de um centro aglutinador representado pelo Estado português. Ocorreu, assim, a inversão brasileira: os negócios do Brasil, antes a cargo do Ministério da Marinha e do Ultramar, passaram a ser de competência do Ministério do Reino; no plano da justiça, o Tribunal de Relação do Rio de janeiro foi convertido em Casa de Suplicação, tribunal supremo de última instância*; o setor militar foi reforçado com a fundação da Academia Militar, da Academia da Marinha, do hospital e do arquivo militar, da fábrica de pólvora, etc.

O Brasil eleva-se a “Reino Unido a Portugal e Algarves” – Lançadas assim as bases da autonomia administrativa da colônia, essa nova situação foi formalizada com a elevação do Brasil à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves, por ocasião do Congresso de Viena (1814-1815).
O Congresso de Viena, reunido logo depois da derrota de Napoleão em Leipzig (1814), marcou o início de uma vasta reação antinapoleônica na Europa. Através dele, reorganizou-se o mapa político europeu, segundo os interesses do absolutismo. Dois foram os princípios adotados nessa reorganização: o da legitimidade e o do equilíbrio europeu. Pelo princípio da legitimidade, retornaram ao poder os antigos monarcas absolutistas depostos pelos revolucionários franceses; pelo princípio do equilíbrio europeu, realizou-se no Congresso de Viena a partilha de territórios europeus e coloniais entre as potências de modo equilibrado.
Ora, segundo o princípio da legitimidade, a situação da dinastia bragantina era "ilegítima", pois o Congresso de Viena só reconhecia Portugal como sede do reino. O Brasil era considerado colônia. O reconhecimento da legitimidade dinástica dependia, assim, do retorno de D. João a Portugal. Esse impasse, todavia, foi solucionado com a elevação do Brasil a reino, legitimando a permanência da Corte no Brasil, através da lei de 16 de dezembro de 1815, assinada por D. João.
Com a decisão de permanecer no Brasil, D. João neutralizou qualquer tentativa de emancipação política, mas, em compensação, provocou enorme insatisfação em Portugal.

O Estado Português no Brasil

A singularidade da emancipação brasileira – A transferência da Corte portuguesa para o Brasil conferiu à nossa independência política uma característica singular. Enquanto a América espanhola obteve a independência por meio de lutas mais ou menos sangrentas, a presença da Corte no Brasil favoreceu a ruptura colonial sem grandes convulsões sociais e, também, preservando a unidade territorial.

Unidade política e territorial – De fato, dada a característica de sua formação colonial, até o século XIX o Brasil estava dividido em unidades dispersas, sem vínculos entre si, cada qual obedecendo diretamente a Lisboa. A unidade territorial e política existia, quase que exclusivamente, do ponto de vista da administração metropolitana. A conversão do Brasil em sede da monarquia portuguesa teve o mérito de transferir para a colônia o conceito de unidade de que carecia. Por essa razão, o processo de emancipação colonial do Brasil deu-se como luta pela apropriação do Estado já constituído.

A marginalização dos senhores rurais – Com a instalação da Corte no Rio de Janeiro, os senhores rurais brasileiros passaram a ter, teoricamente, oportunidade para influir diretamente nas decisões do governo. Porém, os ricos comerciantes, na maioria reinóis (portugueses), aliaram-se à nobreza burocrática que acompanhara o regente na fuga, constituindo o grupo dominante. O verdadeiro núcleo de poder era formado pela nobreza burocrática. Formada segundo o espírito tradicional do Antigo Regime, essa nobreza monopolizava os postos-chaves. Ao lado disso, D. João era um monarca de tipo absolutista, o que restringia de maneira bastante significativa a participação dos senhores rurais brasileiros na vida política.

A opressão fiscal – Em seu governo, D. João multiplicou as repartições públicas sem atentar para as necessidades sociais. Os gastos aumenta­ram e as rendas tributárias tradicionais já não eram suficientes para as despesas. A manutenção do Estado e da luxuosa vida cortesã exigia o aumento dos tributos existentes e a criação de outros, pois os impostos alfandegários, a principal fonte de recursos, haviam diminuído.
De fato, os direitos de entrada de 48%, na época da vigência do regime colonial, caíram para 24 % com a abertura dos portos; a partir de 1810, passaram a 15 % para a Inglaterra, de onde, aliás, mais se importava.

O Banco do Brasil – Já em 12 de outubro de 1808 foi criado o Banco do Brasil para servir de instrumento financeiro do Tesouro Real, embora a sua finalidade declarada fosse a de atuar como instituição creditícia dos setores produtivos - comércio, indústria e agricultura.
O governo pôde, então, emitir papel-moeda para suprir suas necessidades, custeando as despesas da casa real, tribunais, exército, pensões e soldos, aos quais o Erário Régio destinava cerca de dois terços de suas receitas. Com isso, o Banco do Brasil teve a sua finalidade completamente adulterada.
Em conseqüência, a fragilidade do banco recém-criado tornou-se evidente. Para dar-lhe um mínimo de solidez, foram criados dois impostos: um deles recaía sobre os negociantes, livreiros, boticários e comerciantes de ouro, prata, estanho, cobre; o outro era uma taxa cobrada sobre as carruagens de quatro rodas, oficinas, navios, etc. Em suma, o Banco do Brasil foi criado para cobrir déficits financeiros do Estado e o próprio banco era sustentado por novos impostos...

A corrupção administrativa – Nada disso eliminou o déficit. E como os impostos, apesar de elevados, não cobriam os gastos, os funcionários viviam com os salários atrasados, às vezes até um ano. Isso estimulou a prática da corrupção generalizada entre os funcionários públicos, que cobravam dos interessados uma certa quantia para tocar os despachos, processos e concessões. Mas não eram apenas os pequenos. Os altos funcionários, não raro, estavam associados a contrabandistas, favorecendo operações ilícitas.

Contradições da Política Joanina

Contradições da política econômica – A política econômica joanina oscilou entre a liberação e as restrições de cunho mercantilista. A liberdade econômica (liberalismo) interessava à camada senhorial brasileira e à burguesia inglesa. As restrições mercantilistas, por sua vez, interessavam à burguesia colonialista portuguesa e, em parte, ao Estado português no Brasil. Porém, não podendo manter as restrições mercantilistas in totum, nem adotar integral­mente o livre-cambismo, D. João manteve-se ambiguamente entre o regime colonial e a in­dependência do Brasil.
Assim, a abertura dos portos, que beneficiava tanto os senhores rurais como a burguesia inglesa, foi declarada, desde o princípio, como medida provisória. E isso significava que ela seria suprimida tão logo a Europa retornasse à normalidade. Porém, mesmo provisória, ela feriu os interesses dos comerciantes portugueses. Para remediar isso, através de inúmeros decretos procurou-se restringir o comércio estrangeiro e favorecer a burguesia portuguesa, isentando de taxas os panos portugueses; por fim, estendeu-se aos comerciantes portugueses o imposto de 15% ad valorem nas alfândegas brasileiras, equiparando-os aos ingleses.

A "estamentização" da burguesia colonialista lusa – Graças às restrições mercantilistas, a burguesia portuguesa monopolizou o comércio externo brasileiro, obtendo grandes e fáceis lucros. Com a transferência da Corte e a abertura dos portos, aquela burguesia já não contava com o respaldo jurídico incondicional do Estado.
Embora seus privilégios estivessem, por isso, profundamente abalados, ainda mantinham fortes ligações com a nobreza burocrática, garantindo para si a maior parte das licenças e alvarás. Entretanto, diante do perigo da ruptura definitiva do regime colonial, a burguesia colonialista portuguesa tendeu a se de­fender, impedindo o ingresso de brasileiros em suas fileiras. Com isso, a burguesia colonialista lusa buscou na sua "estamentização" (fecha­mento) a forma de preservar o que restava de seus antigos privilégios mercantilistas.
Reagindo contra isso, os setores identificados, parcial ou totalmente, com o liberalismo, em razão de seus interesses econômicos, conduziram a luta em dois níveis: no plano econômico, contra a persistência do pacto colonial e, no plano político, contra a aliança da nobreza com os comerciantes portugueses. Como a elite colonial dos proprietários rurais era composta, em sua maioria, por brasileiros, e o alto funcionalismo e seus aliados burgueses fossem predominante­mente de portugueses, a luta entre esses grupos foi percebida como um enfrentamento entre "brasileiros" e "portugueses”.
Na realidade, era mais do que isso: não se tratava de conflitos entre nacionalidades, mas de uma luta política travada em defesa de interesses de classes conflitantes. Dada a impossibilidade de conciliar tais interesses, a emancipação acabou se impondo como alternativa dos grandes senhores rurais brasileiros.
A política cultural – Com a vinda da Corte transformou-se a fisionomia cultural do Brasil. Foram criadas bibliotecas e estabelecimentos de ensino: Escola de Comércio, Escola Real de Ciência, Artes e Ofícios, Academia Militar e da Marinha. Além disso, com o intuito de organizar uma Academia de Belas-Artes foram trazidos para o Brasil artistas plásticos franceses, que chegaram chefiados por Joaquim Lebreton. Com ele desembarcaram o arquiteto Grandjean de Montigny, o escultor Taunay e o pintor Debret. Eram eles os membros da célebre Missão Francesa, que aqui chegou em 1816.
A imprensa, até então proibida no Brasil, foi difundida com o funcionamento dos primeiros prelos. Fundou-se a Imprensa Régia, responsável pelas primeiras publicações no Brasil. Sai o primeiro jornal do Brasil, A Gazeta do Rio de janeiro. Na Bahia foi publicado o jornal A Idade de Ouro no Brasil. Todas essas publicações, que contavam com a proteção das autoridades, eram superficiais e limitavam-se a louvar os poderosos, noticiando frivolidades como o casamento de princesas, aniversários de membros destacados da sociedade, etc.
Porém, começou a ser editado em 1808 o Correio Braziliense, que fugia à regra. Era dirigido por Hipólito José da Costa, um liberal que fazia oposição a D. João. O jornal, evidente­mente, não era impresso no Brasil, mas em Londres, onde se encontrava o seu editor e principal redator. Com uma periodicidade quase mensal, o jornal sustentou-se até 1822 com base exclusivamente em sua difusão no Brasil. O periódico expressava o ponto de vista dos grandes proprietários numa linguagem liberal e elitista, tendo como alvo principal o caráter absolutista de D. João.
A política externa – A política externa de D. João esteve orientada contra a França napoleônica. Em represália à invasão de Portugal, o regente ordenou a invasão de Caiena (Guiana Francesa), em 1809, permanecendo o território sob domínio português até 1815.
Pretextando temor de intervenção francesa no Prata, D. João, apoiado pela Inglaterra, interveio na região platina, pela primeira vez em 1811 e novamente em 1816, quando então foi anexado o atual Uruguai, com o nome de Província Cisplatina. A sua anexação foi grandemente facilitada pelos conflitos entre as províncias interioranas da Argentina e Buenos Aires, que ambicionava impor sua supremacia em todo o Prata, graças à sua posição estratégica no estuário. Essa instabilidade, aliás, iria prosseguir ainda por muito tempo. Este texto esta na internet.